sábado, 2 de janeiro de 2010

VOO DE VIDA

(Poema em homenagem a todos que pereceram na trágica madrugada de primeiro de janeiro de 2010, na Ilha Grande e em outros locais em Angra dos Reis)

Não foi água leve
a que chegou
feroz
levando vidas
que estavam vibrando
com o novo ano
nascendo.

Foi água pesada,
de morte.
Água dura
de destruir montanhas.

Água dura
de aniquilar futuros.

Que todas as histórias
daqueles
que morreram na ilha
se encontrem
em outra dimensão
e refaçam a trajetória
da vida
em um não-tempo
e um não-espaço
gerando
tempos e espaços
surpreendentes
acima da morte
e dos acontecimentos trágicos
e que a beleza ressurja
no voo de uma gaivota
sobre a ilha
reconfigurando
o espaço
da luz
num imenso e infindável arco-íris.

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