sábado, 31 de dezembro de 2011

Daniel Piza

A morte pegou o jornalista
Daniel Piza
de surpresa,
no contrapé,
sem defesa.

A morte não aceitou
conversar
negociar
adiar o seu trabalho
pelo menos por mais alguns anos.

Nas montanhas de Minas
com a família
Daniel Piza
não viu 2012 nascer.

Foi colhido antes
sem ter tempo
de argumentar
de dizer
que queria se alimentar
de mais vida
porque a sua fome de viver
e escrever
ainda era imensa.

SABOREAR 2012

Saborear 2012
Como fruta nova
Colhida do pé
Do instante primeiro
Do ano que grita
Como criança
Nascendo
Ainda sem saber
O que virá.
2012 precisa
De acalanto
De sopro de vida
De força
Para ele decolar
E nos alimentar
De esperança
De bons acontecimentos
De transformações
De Sentimentos.
2012
Pede passagem.
Portas e janelas abertas
Para ele
No seu primeiro voo
Rumo ao futuro
Que já se torna presente.
Pressentimos o melhor presente.
Presença em nós
Por um ano inteiro.
Que o vivamos intensamente
Com todos os nossos sentidos
Dispostos a embalá-lo
Para que ela siga o seu ritmo
Com harmonia
E vibração
De música
De mantra
De luz que se renova
A cada segundo
Se espalhando
Pelo universo
Verso a verso
Construindo
Um novo país e
Um novo mundo.

domingo, 25 de dezembro de 2011

DOIS POEMAS DE NATAL


VIVA O NATAL
Veja o Natal.
Sinta o Natal.
Seja o Natal.
Ame o Natal.
Viva o Natal.
E descubra nascimentos
Dentro de você
Prontos para acontecer
Renovando
O que já é passado
E precisa ser transformado.

FELIZ NATAL EM ALEMÃO
F r o h e W e i h n a c h t e n
Não importa o idioma.
O que vale é a intenção.
Este ano eu desejo a você
Feliz Natal em alemão.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

TUDO DENTRO DAQUELA CASA

Tudo dentro daquela
casa
cheira a mofo.

O piano
a mesa da cozinha
os pratos
os talheres
o relógio de parede
a televisão quebrada
o velho rádio de pilha
e o retrato com a foto
do último morador
sobre a cômoda do quarto.
Mesmo depois de morto
ela é o único que zela pela casa
mofada
abandonada
esquecida
até pelas baratas
e os ratos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A PALAVRA ROUXINOL

A palavra rouxinol
é tão bela quanto um rouxinol.
E também canta e voa.

MERGULHO NA PEDRA

Mergulho na pedra
para encontrar água.

Encontro mais pedra ainda
e a única gota achada
é de água empedernida.

CONTINUO NO VERSO

Continuo no verso
no verso do verso
e no anverso.

Continuo do avesso
de verso em verso
buscando o verso
que se perdeu no vento.

EU SEI QUE A PALAVRA

Eu sei que a palavra me consome.
Eu sei que a palavra me deixa insone.

sábado, 15 de outubro de 2011

O buraco da palavra

Quando há um buraco na fala
É porque a palavra se ausentou momentaneamente
Criando uma pausa longa nas ideias.
Falar de novo
Nem que seja com uma interjeição
Para a palavra voltar a preencher
O espaço da razão.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Steve Jobs

Morte
nenhuma
mata
a invenção
desse mago
gênio
que foi embora tão cedo
mas deixou a sua criação
em nossas mãos.

domingo, 17 de julho de 2011

Intenso

Da tensão à intensidade
do verso tenso ao viver intenso
sem pausas longas
e que não acabam.

Tensão do poema
do músico
entre cordas
de violão
ou viola clássica.

No poema tocar
cada verso
como nota musical
desafinando
e harmonizando
perdendo o ritmo
e recuperando
num jogo tenso e intenso
da poesia
que não cessa
a sua melodia
a sua musicalidade
que nascem dos versos
e crescem no espaço
da palavra
e do ritmo.

domingo, 3 de julho de 2011

QUANDO MORRE UM POETA

Ao poeta Mário Chamie, que morreu hoje.

Quando morre um poeta
as palavras por um instante
se desarvoram
se perdem no poema já escrito
e sofrem
pelos novos poemas que não virão
do poeta que se foi
para a eternidade.

Quando morre um poeta
a poesia por ele escrita
renasce depois de alguns minutos
e pede para ser lida
em voz alta
nas praças
nas ruas
nas bibliotecas
para direcionar o poeta
a dimensões poéticas
em que ele continue a viver
a sua poesia intensamente
sempre
em novas configurações,
a poesia sendo plasmada
na fonte imaterial
que sustenta tudo.

sábado, 2 de julho de 2011

Todo poema respira

Todo poema respira
seja de maneira ofegante
tranquila
ou extremamente peculiar.

É da respiração do poema
e da inspiração do poeta
que nasce a transpiração
do leitor
tomado pelos versos
que penetram nele
como seda ou aço.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O poema de hoje

O poema de hoje
pode nascer de um grito
um suspiro
um olhar
um bocejo
um sorriso
um urro
ou simplesmente do silêncio.

SITUAÇÕES ILHADAS

ilhas urbanas
carros quase sobre carros
pessoas massacradas
dentro deles
ruminando chicletes memórias angústia
esperando
passagem
na paisagem
que não se mostra
porque há edifícios
bloqueando o olhar
para o horizonte
e as estrelas.

ESTEJA NAS PALAVRAS

Esteja nas palavras
penetre nas entranhas
da linguagem
para descobrir
o início
do dizer
e do ser
que há no som mais primitivo
que se articula
nas línguas mais variadas
palavra
explodindo na boca
como um bicho bom
carente de expressão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

REMENDO O AZUL

Remendo o azul
partido
em mil azulejos
desbotados
pelo tempo.

Remendo o azul
que brota
da tela tão antiga
e esquecida na parede
que nem dá para ver
a assinatura do artista.

Remendo o azul em mim
perdido nas minhas entranhas
e pedindo para nascer de novo
esplêndido
sem emenda alguma.

TUDO É

Tudo é
tudo não é
tudo pode ser e não ser ao mesmo tempo
tudo excede
tudo falta
tudo migra
tudo foge como luz furtiva
que se transforma em sombra
na esquina
ou em outro planeta.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O ESPELHO ESPERA

O espelho
espera
o meu reflexo
libertar-se de mim
e entrar nele
para ficar
pelo menos
alguns segundos
e minha imagem fixar.

sábado, 30 de abril de 2011

A FESTA SURREAL

Rainha príncipe princesa casamento real.
Ou será surreal?
Cavalos carruagem.
Sobre o tabuleiro de ouro
a grande festa
se desenrola
com muita pompa
e circo.
Do lado de fora
do tabuleiro
os peões
de pé aplaudem.

sábado, 23 de abril de 2011

A PIRANHA E O POSTE

O carro bateu no meio do poste.
O poste-bêbado e desengonçado-
ficou a espera
de ser retirado e levado
para o cemitério de postes
da prefeitura.
A motorista
que saiu incólume
perdeu a direção
por causa de uma piranha.
Não era uma piranha-peixe
de dentes devastadores,
mas uma pobre piranha de cabelo
que caiu no chão do carro
e ela
foi pegar
como se estivesse em casa
e não em trânsito.

PÁSCOA

Toda Páscoa
ele sai do ovo
da casca
da concha.

Depois retorna
ao ovo
e fica mais um ano
dentro da sua ilha particular
ruminando os seus velhos pensamentos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O espaço do espelho

No espaço do espelho
me vejo
me entrevejo
e encontro um corredor.

No corredor do espelho
muitos outros espelhos
minúsculos
me olham
e me refletem.

No reflexo do espelho
eu convexo
eu sem entender o nexo
da minha imagem
me converto em sombra
e desapareço
no espelho da sala
como miragem
de mim mesmo
que é o que eu sou
desde o momento
em que entrei
no espelho
quando fazia a barba
no banheiro.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

CRIANÇAS ASSASSINADAS

Morte cravada
no peito
da vida.

Crianças assassinadas.
O que fizeram elas?
Estudavam.
Queriam aprender.
Viver.
Sentir a vida.

Foram arrancadas
das suas veredas
da sala de aula
da escola
do futuro
destroçadas
por um alucinado
que não conheceu
o sabor da alegria
e que por isso
retirou daquelas crianças
o gosto verde da vida
e do afeto
que ele não sabia nem de longe
o que era
e o que significava.

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Relógio



Sem ponteiros
respira
sem rumo
e sem horas.


Marcador da foto: www.blogdodiscipulado.blogspot.com

segunda-feira, 28 de março de 2011

ESTAR SÓ

Estar só em uma rua em Nova York
é diferente de estar só em um quarto escuro.

Estar só em uma rua em Paris
é diferente de estar só em um restaurante abarrotado de gente.

Estar só, por mais variações que existam,
está fundado
no isolamento
momentâneo
ou permanente.

Estar só em uma rua da periferia de Londres
às três horas da manhã
é diferente de estar só em uma rua da periferia de São Paulo
às três horas da manhã,
mas da mesma forma é possível
ser assaltado nos dois locais,
com desfecho imprevisível
em ambos os casos.
Se houver reação por parte da vítima,
independente de ela estar em Londres ou São Paulo,
o risco é imenso.
E como ela está sozinha
não há a quem recorrer.
A não ser que passe uma viatura policial
naquele exato momento.
Aí tudo pode acontecer.
Inclusive o policial errar o alvo
e acertar a vítima
como já aconteceu outras vezes
tanto em Londres quanto em São Paulo.

sábado, 19 de março de 2011

O QUE INVENTO?

O que invento?
O que não invento?
O que inventamos
com os nossos pensamentos?
Inventamos ideias malucas
palavras
que nem aparecem na boca
com vergonha de sua estranheza.
Inventamos novas sensações.
Inventamos medos, fantasmas,
imagens de telas
que nunca pintaremos.
Mas inventamos
sem registar
para sempre
em um tecido
ou em pedaço de madeira
criações
que vêm lá de dentro
inexplicáveis
mas palpáveis
pelo menos por alguns segundos
mínimos
que nos deixam inquietos
e mais vivos do que de costume.

ACARICIAR OS NÚMEROS

Acariciar os números
para tanter decifrá-los.
Nada de mantê-los a distância.
Ter com os números
uam relação próxima
uma espécie de conversa.
Não só necesitamos das palavras.
Os números também são referências.
Com eles nos situamos
nos dias
nos meses
nos anos
e na soma e na subtração
de momentos
que se acumulam
e dos que se perdem
na penumbra.
Os números
no fundo nos escolhem
por uma estranha conformação
que faz deles seres
especiais
enigmáticos
e poderosos
na sua casa numérica
lotada de números
e de variações
que nos deixam perdidos
e enfeitiçados
por tantos números
que entram e saem
das nossas vidas
a cada minuto.

ESCREVO AGORA ESTE POEMA

Escrevo agora este poema.
Por que não escrevo amanhã este poema?
Porque estou escrevendo agora.
Se é agora que escrevo,
por que pensar no ontem e no amanhã?
Agora é que eu sinto
as minhas mãos vibrando nas teclas
é agora que a minha mente se move
na direção destas palavras.
É agora.
Cada poema tem um momento para nascer.
Este é o momento
deste poema que planto
neste vaso de palavras.
Não poderá ser feito depois
porque é no agora que ele está sendo plasmado.
Nada de pensá-lo
para uma outra data remota.
O seu nascimento é nesse minuto
ou segundo
em um tempo
em que ocorrem todasa as coisas.
É sempre no presente
que se dá o nascimento
da vida
dos poemas
dos amores
das invenções
das descobertas
e também das frustrações
e dos acasos.

O NOME DELA É NADA

O nome dela é Nada
mas os seus olhos têm uma luz de intensidade
brilhante
de pegar nos meus olhos
e penetrar na minha retina
como se não fossem mais me deixar.

O nome dela é Nada
e ela simboliza
algo que não sei dizer
mas sinto.

O nome dela é Nada
e quando a vejo
percebo
um universo inteiro dentro de mim
querendo se transformar
em mil outros universos
como se o infinito
pudesse ser pego com os dedos
na forma de um pássaro miúdo
ou uma rosa
no seu primeiro dia de vida
aberta
nas suas mãos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

NO SONHO ELA ACORDA

No sonho ela acorda.
Dentro do sono enclausurada
não encontra a porta de saída.
Presa entre sombras
ruas
labirintos
pontes quebradas
e espelhos
ela se procura
e só vê fragmentos
de si mesma
dispostos em todos os ângulos do espaço.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O MUNDO OLHA PARA O JAPÃO

O mundo olha
aterrorizado
para o Japão.

Os japoneses
expostos à radiação
pedem socorro
em silêncio.

Gritam por dentro
clamando por um milagre.

Enquanto isso o imperador Hirohito
pede calma.

Falta comida,
falta luz,
falta quase tudo
no país
que até a semana passada
era a terceira maior economia do mundo.

Enquanto os japoneses
esperam
esperam
esperam
a usina de Fukushima
com a explosão dos seus reatores
libera na atmosfera
radiatividade.

Triste Japão.
Pobre Japão.
Depois de Hiroshima e Nagasaki
nunca poderiam ter instalado lá
usinas nucleares.

O pesadelo retorna
com uma nova e terrível configuração.

Os japoneses querem acordar
mas vão sentindo cada vez mais
a extensão do pesadelo
que parece que não irá terminar nunca.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

NANOPOEMA 4-ALÍVIO

UFA!

NANOPOEMA 3- LÍBIA

HOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

NANOPOEMA 2- ESPELHO

M e r g u l h o n o a v e s s o

NANOPOEMA 1- A PALAVRA

D
e
s
e
r
t
o
u

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

DOIS PÁSSAROS

Dois pássaros pousaram
na sua mão
ao mesmo tempo.

Não sabia o que fazer.

Demorou tanto para decidir
que os dois pássaros voaram
e o deixaram em uma imensa solidão.

INQUIETUDE

O homem inquieto
perguntou ao quieto:
-Por que você é tão quieto?
O homem quieto respondeu ao inquieto:
-A sua inquietude me aborrece.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

SARNEY É SARNA

Sarney é sarna
que coça
que cassa
a mudança
e lança o tempo
numa garrafa empoeirada
e fechada
com um líquido turvo
de aguardente velha
vencida
com gosto de terra
ou de água enferrujada.

Estou no vento

Estou no vento
estou no ventre do ar
me expelindo
como um corpo fora de si.

Estou no vento
vendo o vento por dentro
no seu ventre
de movimento
inventivo.

Sou o vento
ventando
fazendo-se ser
a ventania
na janela
na sala
que quebrou há um minuto
a jarra que estava sobre a mesa.

domingo, 30 de janeiro de 2011

LACAN

Lascas da linguagem
perpassam a nossa fala
de falhas.

Ato falho
no que eu falo
e no que não falamos.

Na nossa fala
o dizer e o não dizer
carregados de símbolos.

Lacan em nós passeia
como um nome
um estranho
não mais estranho
que nós mesmos
diante do espelho
sem nos reconhecermos
por inteiro.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

De onde vem a linguagem?

De ondem vem a linguagem?
Nasceu antes da palavra.
Mas antes quando?
Cem anos antes?
Mil anos antes?
Milhões de anos antes?
Não se sabe.
Não sei.
Não saberemos.
A linguagem é o grande mistério de si mesma.
Tanto quanto Deus.
Ou Deus será o maior mistério?
Quem nasceu antes
Deus ou a linguagem?
Foi Deus, é claro.
E a linguagem de Deus
de onde veio?
Não sei, não sabemos, não saberemos.
De dentro dos enigmas
nascem outros e mais outros
infinitos.
E Deus deve estar no centro
de todos os enigmas
rindo de nós.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

SE VOCÊ NÃO FALA

Se você não fala,
se você não grita,
se você não berra,
todos fingem que você não está aqui.

Se você não reclama,
se você não argumenta,
se você não tem voz,
todos fingem que você não está aqui.

Se você não se impõe,
se você não discute,
se você não questiona,
todos fingem que você não existe.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ESCREVO POR PRAZER

Escrevo por prazer desmedido.
Escrevo como quem toma e ama um copo de vinho.
Escrevo como quem quer ser o que a palavra expressa.
Mas a palavra expressa tanta coisa.
O que ela não diz a princípio
é o que mais tem vibração.
Escrevo como quem toca violino
ou fagote.
Qualquer instrumento pode servir de exemplo.
Escrever é música.
Escrever é entrar fundo
no esconderijo das palavras.
Mas quem disse que é fácil?
Elas se apresentam e se escondem
num jogo de permanente
desejo e recusa
de se oferecer e de se fechar
como una concha
secreta
perdida
em um mar inacessível
e inatingível
mas que queremos atingir
por uma estrada ou por outra.

domingo, 2 de janeiro de 2011

SE VOCÊ TEM...

Se você tem um medo intolerável
que o faz tremer até a medula
escreva sobre ele
detalhe-o
tente se lembrar
quando surgiu
que fato o desencadeou
e perceba como ele o corroi.

Se você tem um medo intolerável
desenhe-o
grite o nome desse monstro terrível,
encare-o de frente,
não fuja,
mas se assim mesmo
não conseguir nenhum resultado,
aí procure um analista.
Isso quando tiver esgotado todas as tentativas
e se sentir completamente nocauteado
no meio do ringue
sem que haja ninguém para lhe jogar a toalha.

sábado, 1 de janeiro de 2011

SAI LULA, ENTRA DILMA

Sai Lula, entra Dilma.
Um agricultor
de Minas
assistindo à posse
grita:
-Você é a nossa mãe.
Do lado dele, outro fala:
-Lula é o nosso pai.
Nessa narrativa real,
a mãe do PAC sucede o pai dos pobres
e dos desvalidos.
Mais comentários ouvidos
na multidão:
-Daqui a quatro anos ele volta.
-O Lula vai acompanhar de longe,
mas está pronto para ajudar
no que for preciso.
Enquanto isso,
o Brasil inteiro olha para Dilma
e espera o que virá.
Que o novo governo
seja novo mesmo
e faça avançar a realidade.
Os discursos de Lula
estavam mais para sermões
não de Vieira,
mas de Antonio Conselheiro
ou Padre Cícero.

UM HOMEM

Um homem me abordou
na rua e disse:
-Sou poeta.
Ele insistiu
que eu lesse um poema dele.
Concordei.
Tirou do bolso
uma folha de papel
amassada
sem nenhuma palavra escrita.
-Gostou?
Respondi:
-Perfeito.
Ele foi embora feliz
com a folha na mão
parecendo acreditar
que o seu poema em branco
era uma obra-prima.

O TELEFONE TOCA

O telefone toca
e eu estou escrevendo este poema.

A campainha toca
e eu estou escrevendo este poema.

O mundo lá fora desaba
e eu estou escrevendo este poema.