sexta-feira, 24 de junho de 2011

O poema de hoje

O poema de hoje
pode nascer de um grito
um suspiro
um olhar
um bocejo
um sorriso
um urro
ou simplesmente do silêncio.

SITUAÇÕES ILHADAS

ilhas urbanas
carros quase sobre carros
pessoas massacradas
dentro deles
ruminando chicletes memórias angústia
esperando
passagem
na paisagem
que não se mostra
porque há edifícios
bloqueando o olhar
para o horizonte
e as estrelas.

ESTEJA NAS PALAVRAS

Esteja nas palavras
penetre nas entranhas
da linguagem
para descobrir
o início
do dizer
e do ser
que há no som mais primitivo
que se articula
nas línguas mais variadas
palavra
explodindo na boca
como um bicho bom
carente de expressão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

REMENDO O AZUL

Remendo o azul
partido
em mil azulejos
desbotados
pelo tempo.

Remendo o azul
que brota
da tela tão antiga
e esquecida na parede
que nem dá para ver
a assinatura do artista.

Remendo o azul em mim
perdido nas minhas entranhas
e pedindo para nascer de novo
esplêndido
sem emenda alguma.

TUDO É

Tudo é
tudo não é
tudo pode ser e não ser ao mesmo tempo
tudo excede
tudo falta
tudo migra
tudo foge como luz furtiva
que se transforma em sombra
na esquina
ou em outro planeta.