Quando eu escrevo
nem sempre as palavras brotam.
Muitas ficam presas às pedras
ou incrustadas na terra
resistindo às minhas tentativas
de buscá-las
e trazê-las até mim
no poema
que quer nascer
mas necessita das palavras
para vir ao mundo
da linguagem
e da trama extensa
dos versos
que se ligam a outros versos
num tear
que não cessa nunca.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
ÁSPERA ESPERA
Toda espera é áspera
porque não prospera.
Fica-se encarcerado
durante horas
dias
meses
anos
ruminando
a ausência
do que vai ser
ou não ser.
A espera
quando não termina
gruda na pele
como um bicho
asqueroso
e devorador
que suga
a vida e a paciência
de quem espera.
porque não prospera.
Fica-se encarcerado
durante horas
dias
meses
anos
ruminando
a ausência
do que vai ser
ou não ser.
A espera
quando não termina
gruda na pele
como um bicho
asqueroso
e devorador
que suga
a vida e a paciência
de quem espera.
O LIVRO NÃO LIDO
O leitor de milhares de livros
durante toda a sua vida
encontrou um livro
impossível de se ler
em um banco de jardim.
Era um livro indecifrável
com hieroglifos
e desenhos incompreensíveis.
Tão secreto que passou
a se revelar
a partir do momento
em que o leitor persistente
começou a tateá-lo
sem tentar compreendê-lo.
O livro aparentemente instransponível
abriu-se aos sentidos
daquele que também se abriu
para percebê-lo.
durante toda a sua vida
encontrou um livro
impossível de se ler
em um banco de jardim.
Era um livro indecifrável
com hieroglifos
e desenhos incompreensíveis.
Tão secreto que passou
a se revelar
a partir do momento
em que o leitor persistente
começou a tateá-lo
sem tentar compreendê-lo.
O livro aparentemente instransponível
abriu-se aos sentidos
daquele que também se abriu
para percebê-lo.
PERDI O ENDEREÇO
Perdi o endereço.
Estou nesta cidade gigantesca
com celular
Ipad
todos os recursos da comunicação,
mas não tenho a quem perguntar.
Perdi o endereço.
O meu endereço.
Aquele que me identifica
e me situa no mundo
e em mim mesmo.
Estou nesta cidade gigantesca
com celular
Ipad
todos os recursos da comunicação,
mas não tenho a quem perguntar.
Perdi o endereço.
O meu endereço.
Aquele que me identifica
e me situa no mundo
e em mim mesmo.
DE QUEM É A CULPA?
De quem é a culpa?
A pergunta foi feita aos presentes.
Todos se olharam procurando o culpado,
mas ninguém se apresentou.
A pergunta foi feita aos presentes.
Todos se olharam procurando o culpado,
mas ninguém se apresentou.
O ARQUITETO INTERIOR
Arquitetou milhares
de casas
dentro de si
cidades
vilas
templos
castelos
porões
muros
e se perdeu neles
l a b i r i n t i c a m e n t e.
de casas
dentro de si
cidades
vilas
templos
castelos
porões
muros
e se perdeu neles
l a b i r i n t i c a m e n t e.
O CORREDOR
Com oitenta anos,
ele corre todos os dias
pelo menos uma hora
e se sente realizado.
No percurso
ele se imagina correndo
na São Silvestre e ultrapassando
quenianos e etíopes.
Ele corre na realidade
e na imaginação
e nessa corrida dupla
mágica
há só prazer
e nenhuma colisão.
ele corre todos os dias
pelo menos uma hora
e se sente realizado.
No percurso
ele se imagina correndo
na São Silvestre e ultrapassando
quenianos e etíopes.
Ele corre na realidade
e na imaginação
e nessa corrida dupla
mágica
há só prazer
e nenhuma colisão.
domingo, 1 de janeiro de 2012
NADA DE ENTULHOS
Entulhos do pensamento
acumulados em 2011
preenchem mil contêineres.
Em 2012,
quero só leveza,
nanopensamentos,
nada de acumular
lixos irrecicláveis
que contaminam o cérebro
e fazem muito mal ao espírito.
acumulados em 2011
preenchem mil contêineres.
Em 2012,
quero só leveza,
nanopensamentos,
nada de acumular
lixos irrecicláveis
que contaminam o cérebro
e fazem muito mal ao espírito.
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