sábado, 7 de novembro de 2009

ENTRE O VERMELHO E O ROSA

Entre o vermelho
e o rosa
acontece
uma viagem
assombrosa.

AVE NO POEMA

Ave no poema
despren-
den-
do-
se
do
chão.

Voar é o seu verbo.

O ar é a sua casa.

O infinito é o seu azul.

Asas batendo de norte a sul.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

TODO DESENCONTRO

Todo desencontro
é um encontro do avesso
consigo mesmo
ou com o outro perdido
na miragem da memória.

Todo desencontro
é um encontrar-se.

Todo desencontro
é um revelar-se.

Todo desencontro
é um rever-se
no espelho opaco
que por um instante
brilha.

Todo desencontro
é um ato de liberdade
porque nos livra
por um instante
do compromisso
da hora marcada
e dos encontros
obrigatórios
que não precisariam
acontecer.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O POLÍTICO NU

O político
nu
na praça
está
sem fantasia
e sem bolso
para guardar
doações
ou para trazer
presentinhos
aos eleitores
que se deixam
manipular.

O político está nu
e na sua nudez
perdeu o discurso
que só sobrevive
quando ele está vestido
das piores intenções.

DERRETO NO POEMA

O calor é tanto
que derreto no poema
como um verso
que
virou
á
g
u
a
e
e
s
c
o
r
r
e
u
p
e
l
o
c
h
ã
o

É NÃO SENDO

Imaterial
desmaterializado
des
ma
te
rial
sem matéria
o não ser das coisas
é
não sendo
o que imaginamos que fosse.

NO FUNDO DA MEMÓRIA

No fundo da memória
bem no fundo
há uma pequena sala
cheia de poeira
objetos perdidos
um sorriso visto
uma única vez
há décadas ou
há séculos.
No fundo da memória
se olharmos bem
há fragmentos
sombras
de objetos pessoas bichos
formas
espelhos
que estão lá
flutuando
no espaço
da nossa mente
sem cessar.

RESPIRE FUNDO

Respire fundo
Fundo
Fundooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

domingo, 1 de novembro de 2009

POEMA NÚMERO 300

Trezentas vozes
trezentos nomes
trezentas cidades visitadas
em sonho.
Trezentas melodias.
Trezentos
três centos.
Qual será o número da eternidade?

O FIO DO AZUl

O fio do azul
tece vozes
telas
que não param de nascer
da imaginação
do pintor interior
sem quadro
na parede.

POEMA AZUL

Azul é a palavra
dance no azul
não se perca do azul
entre no azul
com os pés as mãos a cabeça
e a alma.
Alma azul
expandindo-se no espaço
e querendo ser
todos os tons do azul
sem excluir nenhum.

NO DESENCONTRO

No desencontro
eu me encontro
no desencanto
eu me encanto
no desencontro do desencanto
eu me encontro encantado
comigo
no avesso do meu ser
contraditório.